domingo, 31 de outubro de 2010

Chove. Nada apetece...


Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva 
Não faz ruído senão com sossego. 
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva 
Do que não sabe, o sentimento é cego. 
Chove. Meu ser (quem sou) renego... 

Tão calma é a chuva que se solta no ar 
(Nem parece de nuvens) que parece 
Que não é chuva, mas um sussurrar 
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece. 
Chove. Nada apetece... 

Não paira vento, não há céu que eu sinta. 
Chove longínqua e indistintamente, 
Como uma coisa certa que nos minta, 
Como um grande desejo que nos mente. 
Chove. Nada em mim sente... 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

sábado, 23 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Não me perguntem porquê mas hoje apetece-me chorar.
Ou melhor, perguntem. Preciso que me perguntem. Talvez enquanto tento descobrir uma resposta plausível para vos dar descubra a verdade em mim mesma.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Há esperanças que deviam estar mortas.
Para que valem, afinal de contas? Nunca deixam de ser só esperanças!
Não passam de ideias intangíveis que confundem a nossa mente e nos deixam num estado obnubilado que nos impede de ver a realidade.
Sim, passamos a vida nisto. Esforçamo-nos ao máximo para ver tudo, menos a realidade.
Nós, que tantas vezes nos consideramos preguiçosos, passamos HORAS a criar estórias para as nossas próprias vidas e depois ainda temos o descaramento de nos lamentar que a nossa vida é complicada.
Somos nós que a complicamos. A nossa ambição chega ao ponto de não nos contentarmos com a nossa própria estória, queremos MAIS. Então, transformamos essa estória numa 'quase-realidade' para assim podermos ter esperança que se repita (como é que algo se pode repetir se nunca aconteceu?). E aguardamos, pacientemente... até que chega a frustração.
É absurdo.

E desculpem-me por usar aqui o 'nós', mas criei este hábito. Correndo o risco de ser incoerente, julgo que o faço por ter 'esperança' que alguém pense como eu. 

domingo, 10 de outubro de 2010