domingo, 21 de junho de 2009

Momento

Por vezes, sou ridícula. Mas nao tenho culpa, está nos meus genes de portuguesa ser 'saudosista'. A culpa é de D. Sebastião que não regressou do denso nevoeiro em que se embrenhou para nos vir salvar...e nós continuamos aqui, à espera do derradeiro dia em que chegue o 'herói'.
Há uns dias eu desejava que alguém fizesse o tempo parar, na estúpida ilusão de que ter 19 anos era melhor do que ter 20. E, de facto, alguém me salvou. Ninguem fez parar o tempo, mas fizeram-me perceber que esse vocábulo que atormenta a mente humana durante toda a sua existência, é inútil. O que importa não é o tempo mas o momento. Aquele momento que nos enche a alma, que nos faz sorrir com os olhos e pensar que tudo vale a pena. Aquele instante em que nos sentimos completos e livres! Porque estamos rodeados de pessoas que nos fazem bem.
E se para haver o momento tem que existir tempo, então paciência! Deixemos correr o tempo ao sabor da vida e não façamos da vida uma escrava do tempo. Que se lixe a despedida aos atribulados anos de teenager. Que se lixem as saudades. Esses momentos já passaram e ficaram gravados na pequena caixinha da Sr.ª Memória. Mas a Sr.ª Memória, como é muito responsável e inteligente, tem mais uma infinidade de caixinhas para guardar todos os momentos que ainda posso viver, tudo aquilo que me faz SER FELIZ!

Decidi ter saudades do futuro!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Redoma de vidro

As redomas de vidro são objectos normalmente utilizados para proteger alguma coisa.
Na obra mundialmente conhecida "O Principezinho", de Saint-Exupéry, o personagem tem no seu planeta uma bela flor, ser raro na série de Asteróides onde ele habitava. A flor, por ser muito caprichosa e saber que o Principezinho a tinha em grande conta pela sua beleza e unami (palavra brasileira q significa cheiro agradável), exigia muitas comodidades. Queria ser protegida por um biombo de dia e ser coberta com uma redoma de noite, a fim de se proteger das correntes de ar.
O Pricipezinho fazia-lhe todas as vontades porque sabia que ia ficar com remorsos se a flor começasse a tossir.
Mas o que para mim importa hoje reflectir não é na história do Principezinho mas sim na utilização do objecto redoma. E assim esclarecer algumas pessoas...


Vivemos num mundo onde as pessoas escondem o que sentem e o que pensam. Este processo tende a evoluir com o crescimento. Quando somos crianças contamos tudo aos nossos pais, aos nossos melhores amigos, aos primos...mas depois, quando crescemos e nos consideramos muito adultos e senhores do nosso nariz cria-se uma barreira invisível entre nós e as pessoas em que confiávamos cegamente na infância. Os melhores amigos mudam, os primos afastam-se...mas os pais são sempre os mesmos e permanecem no mesmo local. Os pais, mesmo que não lhes contemos nada, sabem quando não estamos bem. Ficam perturbados, ansiosos e com medo, porque já não reconhecem o filho que criaram, crescemos e eles nem deram conta.

É aí que se tentam aproximar, mas não deixamos. Estamos fechados nessa tal redoma de vidro, que ingenuamente achamos que nos protege. Mas não protege. Só magoa quem mais nos ama e nos quer ajudar...

Temos o dever de fazer um esforço para, nem que seja de vez em quando, levantar a redoma e deixar essas pessoas chegarem perto...


O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (1Cor. 13:4-7)

Por mais que procuremos só encontramos este amor nos nossos pais...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sinto falta de outra vida...

Não sei bem que vida é esta de que sinto falta.
Poderá ser a falta de uma vida que nunca tive...mas que desejei ter.
Ou poderá ser a falta da vida que tinha até um tempo atrás, até os planos que tinha minuciosamente construído na minha mente se terem desmoronado como num castelo de cartas.
Sempre fiz planos. Todos nós fazemos, é certo. Mas sinto que faço planos demais, não deixo que a vida me surpreenda. Tenho uma enorme necessidade de organizar o que idealizo como 'futuro'. Por ironia, o meu 'presente' é sempre uma colorida desorganização!
Aquele cliché do 'Vive o presente, o aqui e o agora' tende a não funcionar comigo. Antecipo as alegrias, as tristezas, as desilusões e esqueço-me de viver o presente e de tirar algo de importante para gerir o verdadeiro futuro.
Vivo constantemente no tempo errado. Quando não estou a sonhar com o futuro, estou a reviver o passado, aquele passado que trago sempre comigo, que não consigo deixar ficar para trás por mais que me esforce para o fazer. Às vezes, desejava poder apagar fracções da minha memória. Esquecer quem me magoou, quem me fez chorar, e conseguir perdoar e olhar só para o presente.
Mas não é possível.

Talvez não seja de uma vida diferente que sinta falta, mas das pessoas que preenchem essa outra vida. Pessoas com quem partilho sonhos, pessoas com os mesmos objectivos. É isso que falta nas pessoas que preenchem esta vida...compreensão. Todavia, não as censuro, elas não vivem o que eu vivo, não sentem o que eu sinto, não se interessam pelas mesmas coisas que eu me interesso. Possivelmente, eu também não as compreenderei quando forem elas a pedirem um sorriso ou um carinho.

Sinto falta daquele "grupinho fechado"...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O espelho transparente

Finalmente o meu blogue...
Depois de tanto cepticismo, perdi a vergonha e eis que nasce "O espelho transparente"!
Irá este espaço ser um espelho da minha vida? Não sei. Mas julgo que não. Sou demasiado complicada e confusa...e, por essa mesma razão, não conseguiria fazer transparecer aqui toda a verdade sobre o que sou, o que vivo e o que sinto.
(Até porque nem eu sei a resposta a estas perguntas...)
Contudo, à primeira impressão, pareço ser uma pessoa transparente. Aquele género de pessoa que os outros pensam conhecer em apenas 5 minutos, enganam-se. Se nem eu própria me conheço! É claro que existem sempre pessoas que parecem adivinhar os nossos actos e os nossos pensamentos, são as 'especiais'. E, felizmente, eu tenho um bom número de pessoas que considero dignas deste 'cargo honroso'. Mas parecem nunca ser as suficientes...
Portanto, sou uma espécie de espelho transparente, ou seja, simples vidro. Um espelho mostra-nos a verdade, tudo o que existe. Eu nao sou assim. Serei mais como um vidro, que ao encontrar um ângulo de luz favorável reflecte uma parte da verdade...mas só uma parte.
Pouco a pouco pode ser que me torne mais espelho. Mais segura, mais decidida, mais forte.